quarta-feira, 27 de julho de 2016

"Tá na mão!" II

Aí, você sai para buscar sua filha na casa de uma amiga e se depara com um menino negro, sujinho e descalço de uns 6 anos no máximo tentando pegar uma pipa presa no muro de uma casa. Normal até aí. Mas o que não foi normal, foi ver um menino gordo, branco com um controle de vídeo game na mão aparecer no muro e dizer: "sai daí neguinho, não vai pegar nada aqui não'.
Pronto, a briga foi armada!  Eu disse para o moleque não falar assim com ele, mesmo assim, o menino gordo e branco pegou a pipa e sumiu. Me deu um ódio tão grande que disse para o menininho: "Me espera ali que já volto com 3 pipas pra você!" Ele me olhou desconfiado e chamou um moço que se aproximava. O moço viu que eu não demonstrava perigo e disse: "Nossa moça, é isso que ele mais quer!". Enfim, falei pra minha filha ir correndo na frente para pegar o que prometi. "Tá na mão! Esse é mandado!!" Sim, aquelas pipas que as crianças tentam resgatar em casa e eu não devolvo serviram para alguma coisa!! Quando voltei com as pipas, estava lá o menininho sentadinho na esquina me esperando. Eu registrei no coração a cara de felicidade dele e nunca mais vou esquecer. Vamos educar nossos filhos para o amor, preconceito não está com nada. 


Obs.: usei as expressões negro sujinho, branco e gordo pois é assim que nossos filhos falam se nós não os orientarmos. (Na foto, quem está segurando as pipas é a minha filha. Acho desnecessário expor a outra criança)

Era bullying?



Antigamente, mas precisamente nos anos 90, quando a gente ia na casa de alguém e ficava meio sem assunto, o dono da casa trazia álbuns da família para a visita ver e ficavam comentando como era esse tempo e tal. 

Um certo amigo meu do grupo de jovens, ia sempre à minha casa para ficarmos batendo papo, éramos grandes amigos. Eu ia na casa dele, ele me mostrava as fotos de toda a família. Eu tirava um sarro das roupas, cabelos e tal.

Um dia, ele foi na minha casa e minha prima lá. Ele disse: “- Êh Dany, mostra umas fotos de vocês aí?!?” Eu não era muito de tirar foto, até porque não era tão acessível como hoje, e tinha que revelar e nem tinha grana. As poucas fotos que tinha, eu estava ou com a cara estranha, ou sei lá, sempre meio esquisitas. Quando a minha prima ouviu ele pedir para ver nossas fotos, ela mais que depressa disse: “- Você não vai mostrar aquelas que a gente tá de cabelo de sol não, né?" Agora a pergunta, cabelo de sol? Sim, quando a gente é criança, até mesmo adulto, desenhamos o sol cheio de pontas, redondo. Nossos cabelos eram iguaisl!!! 
Ao ouvir isso, meu amigo fez tudo para ver as fotos e viu.....afffff. “Cabelo de sol". Ele ria tanto que lacrimejou os olhos. Não satisfeito, começou a me chamar de “cabelo de sol” na igreja e o apelido pegou.Para o povo do grupo de jovens da época, eu sou a Dany Sol.

" – Ei, sabe a Dany? 

- Que Dany?

– A Dany Sol !!" E todo mundo sabia que era eu. 

Tinha até uma música que sempre cantava nos encontrões de grupos de jovens “...um novo sol, se levanta.... “ Chegaram ao ponto de me jogar pra cima quando chegava nesta parte da música. Quando eu chegava em algum lugar e o povo do grupo estava, alguém lançada, “lá vem o sol".

Pior foi quando eu estava grávida. Ficavam cantando “quando o segundo sol chegar...” da Cássia Eller. Os músicos de plantão da igreja diziam que meu filho(a) seria o Sol menor (é, isso aí da nota musical!!!).

Eu mudei o cabelo umas 475 vezes, liso, lisão, mas era sol. Eu prendia o cabelo, era sol... ficava morena, era sol.. Teve um tempo que fiquei loira, aí que lascou.

Agora, por que que só eu fiquei com o apelido?? Se minha prima disse: "(...) aquelas que a gente tá de cabelo de sol (...)" Minhas primas todas, tinha um cabelão tipo “nega do cabelo duro”. Mas o apelido ficou só para mim. Aí eu pergunto: então, eu sofria bullying?

Faz mal!

Quando eu era pequena, me diziam muitas coisas que eu não podia fazer porque ia me "fazer mal". Minha avó me criu e não deixava chupar uma manga e tomar leite  no mesmo dia, não podia comer fruta que estivesse grudada uma na outra, não podia pular amarelinha, assoviar e nem jogar baralho na quaresma porque "fazia mal". 
Eu não era tão questionadora e não sabia as consequências de fazer uma dessas coisas. Eu simplesmente  não fazia nada disso,  pois tinha um medo danado de me "fazer mal". 

De todas as coisas que falavam, a única que eu  sabia direitinho o que significava qual era o "mal" que fazia, era deixar o chinelo virado pra baixo. Não sei quem foi que me explicou, mas só sei que me aterrorizava: "Não pode deixar o chinelo virado, senão a sua mãe morre".  Eu tinha uma grande missão. Morava com minha avó e a chamava de mãe e minha mãe, morava em São Paulo.  Quando eu via meu chinelo virado, corria para salvar a vida delas. Mesmo longe da minha mãe eu sabia que ela estava bem, pois eu a salvava sempre. E minha avó estava sempre forte e cheia de vida, dançando forró e usando vestidos escandalosamente estampados.  Durqante anos eu segui com essa missão, até depois de adulta. 

Mas, minha mãe adoeceu. E morreu. Hoje, eu vi meu chinelo virado e senti  muita tristeza. Tantos anos salvando a vida da minha mãe e não adiantou. Passei pelo chinelo e deixei pra lá. Assim que passei,  senti um aperto no coração, afinal, e a minha avó? Sei que tudo isso não passa de superstição, mas mexe com o coração da gente.  E o chinelo, ah o chinelo? Eu desvirei!

Publicado em 27/07/2016 09:12




segunda-feira, 25 de julho de 2016

Seco é o coração de quem diz

Em férias, no Ceará... De Juazeiro para Barbalha, de cá pra lá. Fui viajar imaginando que meu amigo padre morava num sertão onde ele tinha que buscar água num açude e que tinha que criar bodes! Imaginei que as pessas tinham a cara sofrida queimada de sol e que passavam o dia todinho comendo macaxeira, rapadura e dançando forró. Mas gente, fui enganada a vida toda! Esse tal de "cariri" não é  nada do que eu imaginava.
Eu tive uma aula de história todos os dias. Descobri o por quê, e agora respeito muito a devoção ao Padre Cícero.
 Aprendi  por que a Cidade de Juazeiro tem esse nome;
Aprendi que a comida lá no restaurante não estava demorando, e sim "mais perto de vir";
Aprendi que lá não tem Poupa Tempo para tirar documentos, lá tem o Vapt Vupt;
Aprendi direitinho que no Ceará não é 110v e sim 220v e eu não pude usar minha chapinha;
Aprendi que os cantores famosos chamam a cidade Crato de meu "cratinho de açúcar". E entendi porque chamam a região de Cariri!
Enfim, tudo que me diziam caiu por terra e uma terra linda  que nos recebe tão bem!!
 Respeito é bom e eles gostam!


- "Nossa Padre, agora não entendo porque a pessoas dizem que aqui é uma terra seca!"
-"Seco é o coração de quem diz! (Pe. Nino)
  

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Seu guarda eu não sou vagabundo...

Numa Quinta Feira Santa de uns 3 anos atrás, saindo da missa de Lava pés, fui convidada a ir até o Ceasa comprar flores para enfeitar o altar para a missa de Sábado de aleluia. Olhei e tinham 5 pessoas com o padre, para uma Hilux. Eu sem grana, só com o bilhete único para pagar a passagem do ônibus de volta pra casa disse que não ia. Insistiram e fui junto. Na madrugada, compramos flores, ramos verdinhos e enchemos o porta malas de todo aquele mato. Lá pelas 4h da madrugada, estamos nós voltando para casa, conversando e rindo alto. De repente, a Polícia estava atrás de nós e tivemos que encostar. Jesus!!! Eu estava " a mais" como passageira, o carro cheio de mato, o motorista com um agasalho do Corinthians e era negrão! Descobrimos que o documento do veículo estava atrasado e o carro poderia ser apreendido! Pronto. Cadeia!!! A sorte é que o padre estava de hábito e explicou que ninguém era vagabundo ou delinquente. Aquele mato todo era para as missas e tal. Comovido, o guarda respeitou as palavras do sacerdote. Ele havia deixado claro que aquele veículo todo zuado e com excesso de passageiros foi usado para uma boa causa. O "seu polícia" só deu uma bronca no corintiano para que regularizasse tudo urgentemente. Deixou claro que ele não teria outra sorte daquela. Não satisfeito, o guarda olhou para o padre e pediu para ele dar uma penitência bem difícil pra todo mundo, principalmente para o corintiano. (Acho que o padre mandou ele rezar umas 500 "Ave- Maria" por causa do susto!) Enfim!! Tudo resolvido e a missa do sábado foi linda! Igreja enfeitada. Mal sabem os fiéis o perrengue que o padre passou por ter amigos tão dedicados que quase levam ele preso!


Amor passageiro (do trem) ll

No trem.  Tem um moço bonito de barba trabalhada e linda,  sentado do meu lado. Celular na mão, ele olha para  o meu e eu olho o dele. Que emoção! Mesma marca, mesma cor, mesmo modelo... detalhe "com a tela quebrada do mesmo jeito".
Ele olha pra mim e sorri, eu retribuo o sorriso, tímida.
O trem para, o  moço bonito barbudo levanta e desce naquela estação.
Sabe o que isso significa? Samsung Galaxy Gran Prime Duos é uma bosta!

quarta-feira, 6 de julho de 2016

A Fada do Dente

Tenho uma filha de 9 anos. Ela não acredita mais no Papai Noel, pois deixo bem claro que é tudo ilusão e que é a mamãe, papai, padrinhos e pessoas que a amam, que compram os presentes com muito sacrifício. E ensinei que o Natal é Aniversário de Jesus!! Pronto, ela aceitou e ama o Natal! A Páscoa? Também já matei o Coelhinho, pois é a ressurreição de Jesus que celebramos e fim. Mas, tem uma coisa que não consigo tirar a beleza e a ilusão dela: A FADA DO DENTE.
Pois bem, durante todas as suas trocas de dentes, sempre aparece uma moedinha em baixo do travesseiro. Até que, ontem, ela acordou e veio sacudindo a mão, trazendo um dente e com uma cara muito brava me disse: - O quê significa isso? - Eu olhei, e sem entender perguntei o que ela tinha na mão. - É meu dente mãe!! Ele caiu ontem e eu não te falei porque eu queria ver se essa fada existe mesmo. Onde você está escondendo todos os meus dentes?? Eu até deixei esse bem escovadinho!!! Numa mistura de riso e desespero eu perguntei: ” - Por que você não me falou?” E ela disse que se me contasse, ia aparecer uma moeda debaixo do travesseiro, e ela estava desconfiada de que era eu quem colocava o dinheiro e que a fada era uma mentira. Eu disse que a Fada não veio porque ela não me falou, e ela não entra na casa dos outros sem permissão. Ela então, com a cara mais lisa do mundo, disse que colocaria o dente mais uma vez debaixo do travesseiro. Que beleza, eu poderia me redimir! Não!!! Eu acordei cedo, tomei banho e quando eu fui acordá-la, lá estava ela com o dente na mão dizendo que essa Fada tava de palhaçada. Caramba!! Esqueci, de novo! Daí eu disse que o fato dela ter duvidado, deve ter deixado a fada fraca e ela não conseguiu chegar. O dente permaneceu debaixo do travesseiro e eu rapidamente achei uma moeda e coloquei no lugar enquanto ela se trocava.
Chegamos em casa depois de um dia cheio!! A primeira coisa que ela fez foi correr no quarto e ver que, finalmente, a Fada deixou seu dinheirinho. Sei que ela também está me enganando fingindo acreditar (assim ela ganha uns trocados), mas a alegria de saber que uma faz a outra feliz é tanta, que demos um sorriso como se disséssemos: “ eu sei o que você fez”


segunda-feira, 4 de julho de 2016

A porca e a praça!

Quando a família se junta, sai cada coisa!!! Numa dessas reuniões, meu tio relembrou o tempo em que minha avó criava porcos. Morávamos na cidade, mas era permitido ter criações no quintal. Minha avó criava porcos e galinhas. Ela tinha uma porcona enorme, de nome Rainha. Essa Rainha era rebelde, quebrava o cercado e fugia levando os porquinhos com ela. A cidade é pequena, o Centro fica pertinho da casa da minha avó. A bendita da porca, fugia para a praça da Matriz da cidade e ficava lá fuçando na grama. Estávamos em casa quando vinha alguém gritar no portão -"Dona Tianinha, seus porcos estão fuçando a grama lá da praça!" Que tortura!!!! Minha avó já pegava uma varinha pra cada um e éramos obrigados a ir pegar os bichos. Eu queria sumir! Eu estudava com os "riquinhos" da cidade e eles brincavam nesta praça. Por que essa porca louca tinha que ir pra praça? Que vergonha, eu lá na praça principal da cidade cercando porquinhos! Os bichos corriam de um lado para o outro pra me humilhar. Depois da humilhação, voltávamos carregando todos. E tinha que contar pra ver se não faltava nenhum. Ia pra escola com uma raiva da Rainha!
Relembrando isso, rindo alto, eu vi que não era nada humilhante! Os porquinhos da minha avó eram fonte de renda e a tal da Rainha era quem nos ajudava a ter uns trocados. Os porquinhos eram vendidos e no final do ano tinha sempre um pra alegrar o banquete.
Passei pela praça, continua linda e bem cuidada, a grama verdinha e tem até uma fonte! Me lembrei de cada canto que tinha que pegar os porquinhos. Me vi cercando porquinho enquanto outro vinha e pegava pra levar embora ... É, eu era feliz e não sabia.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

É com com P

Em 2011, minha filha com 5 anos, estava aprendendo a escrever as primeiras palavras.
Eu sempre perguntava:
- O que você fez na escola hoje?
- A gente aprendeu a letra P
- Que legal! Fala aí o que se escreve com P.
- Palhaço!
- Pipa!
- Papai!
- Pastel!
- Caldo de cana!!!
- Não filha,  caldo de cana não é com P.
- Mas mãe, quando a gente come pastel, a gente bebe caldo de cana, então é com P também!!!!!



Jesus vem de UberX

Datilografia dá futuro, inglês não!

É minha gente, eu tava aqui pensando e voltei a escrever (idas e vindas fazem parte). Quando eu tinha 13 anos, eu pedi para  minha mãe pagar...